quarta-feira, 28 de novembro de 2007
Abandono na saúde
A saúde pública baiana vem passando por momentos críticos nos últimos meses. Pior que a situação dos hospitais públicos só mesmo a dos seus pacientes. Crianças, adultos e idosos enfrentam dificuldades no atendimento. Alguns chegam a enfrentar quilômetros de estradas, vindos do interior da Bahia, para conseguir uma consulta médica ou para serem submetidos à cirurgias. Além dos pacientes, os médicos também ficam de mãos atadas por não poderem realizar procedimentos cirúrgicos por falta de profissionais anestesistas. No Hospital Roberto Santos, número ideal de anestesistas é de 11 nos turnos da manhã e da tarde e 8 para o turno da noite e madrugada. Em entrevista ao Correio da Bahia, o diretor da Secretaria Estadual da Saúde (Sesab) e diretor do hospital Roberto Santos, o médico anestesista Ricardo Gouveia, afirma que já fez dez cirurgias de emergência num único sábado por não haver especialistas e que isso prejudica o atendimento à população.O secretário estadual de saúde, Jorge Solla, admite a incapacidade dos hospitais públicos baianos em atender a demanda de pacientes. Colocando as condições de saúde do estado entre os sete piores do Brasil, Solla ofereceu dados que demonstram o déficit de médicos nas unidades. “A Bahia só tem mais médicos por habitantes que o Piauí, o Maranhão e o Rio Grande do Norte” disse o secretário no site da Federação Brasileira dos Hospitais. No mesmo site, a coordenadora médica do plantão do Hospital Geral do Estado (HGE), Conceição Gonzales, afirma que a atual ausência de médicos nos hospitais públicos é uma consequência dos baixos salários do estado. Ela fala que isso faz com que os médicos migrem para os hospitais particulares em busca de melhores remunerações. Segundo o secretário Solla, esta migração e a carência de médicos comprometem a logística de atendimentos de urgência nas unidades públicas. Não é a primeira vez que situação de déficit de médicos anestesistas se estabelece este ano em Salvador. Entre os meses de abril e setembro, o jornal Correio da Bahia publicou pelo menos seis reportagens sobre o assunto. Em novembro, mais uma matéria sobre o tema foi colocada no site do jornal. Nela são relatados casos de aflição como o da dona de casa de 60 anos, Maria Madalena dos Santos, que precisava ser submetida a uma cirurgia de retirada de um coágulo no cérebro urgentemente, mas que não havia previsão de acontecer.Apesar de investimentos feitos pelo governo que beneficiam a saúde, como a recuperação da SAMU 192 e de iniciativas privadas, como os atendimentos gratuitos que alguns dermatologistas particulares promoveram recentemente à população, o setor na Bahia ainda deixa muito a desejar. Além condições de atendimento nos hospitais público de Salvador já serem consideradas ruins, unidos aos baixos salários dos médicos e do descaso do poder público, os pacientes, que antes já sofriam com longas filas de espera, agora passam por momentos desespero. Esta é a saúde da “cidade de todos nós”!
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